Alta no preço da carne bovina é "ponto fora da curva", diz presidente da Confederação de Agricultura e Pecuária
No entanto, para ele, preços não voltarão ao patamar de 60 ou 90 dias atrás
Alta no preço da carne bovina é "ponto fora da curva", diz presidente da Confederação de Agricultura e Pecuária

A alta no preço da carne bovina, que no Rio de Janeiro chegou a cerca de 30% em novembro, foi "um ponto fora da curva", na avaliação da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Porém, segundo o presidente da entidade, João Martins, embora esteja havendo "uma acomodação", os preços não voltarão mais ao patamar de 60 ou 90 dias atrás.

"Não se deve esperar que o preço da carne voltará ao mesmo patamar de 60, 90 dias atrás. Estávamos no pico da entressafra, com o menor preço dos últimos anos. Mas houve uma demanda muito forte lá fora e essa desvalorização cambial", disse Martins.

Para o superintendente técnico da CNA, Bruno Lucchi, a demanda por proteína animal da China, fortalecida pela epidemia de Peste Suína Africana (PSA) no país asiático, deve permanecer por um período de três a cinco anos. Mas ele ponderou que o consumo doméstico deve cair a partir de janeiro, o que ajudaria a evitar reajustes maiores no preço do produto.

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"Não vai faltar carne no  país. O produtor vai reagir, melhorar pastagens e desenvolver novas tecnologias. A questão da oferta e demanda já vai se equilibrar. O que aconteceu neste período foram realmente vários fatores pontuais que pegaram os seus extremos e que culminaram num ponto realmente fora da curva", disse Lucchi.

Os preços da arroba tiveram um pico em novembro, chegando ao valor recorde de R$ 230 em São Paulo. Além da questão da China, o técnico citou como fator a estiagem prolongada em alguns estados produtores.

"Por outro lado, o consumo doméstico apresentou sinais de recuperação em função da melhoria da economia e proximidade das festas de final de ano", enfatizou, acrescentando que, acompanhando a carne bovina, os preços das carnes de frango e suína também subiram, mas em menor proporção.

Lucchi enfatizou que a demanda chinesa foi mais acentuada neste fim de ano, porque 2019 é o "ano do porco" no calendário chinês e as compras de carnes em geral aumentaram. Internamente, os gastos dos brasileiros nas festas de fim de ano serão estimulados pela liberação de recursos do FGTS e a própria melhora da economia. No início de 2020, o mercado de carne vai desaquecer.

Diante dessa conjuntura, o faturamento dos pecuaristas brasileiros deve subir, em 2020, 14,2% em relação a 2019, com valor estimado em R$ 265,8 bilhões, conforme projeção da CNA. A taxa de crescimento mais elevada, de 22,2%, será concentrada na carne bovina.  Também são esperados aumentos para carne suína (9,8%), pecuária de leite (7,5%) e frango (7,1%).

Fontes: Época Negócios