Boi gordo: Analistas apostam em novos aumentos na cotação da arroba no curto prazo
Oferta restrita de animais para abate e o ritmo forte das exportações de carne bovina continuam forçando novos reajustes nos preços das boiadas gordas
Boi gordo: Analistas apostam em novos aumentos na cotação da arroba no curto prazo

Tudo indica que, nas próximas semanas, o mercado brasileiro do boi gordo continuará mantendo a trajetória de valorização no preço da arroba, motivada pela oferta restrita de animais terminados e pelo ritmo aquecido das exportações de carne bovina, preveem os analistas do setor pecuário.

Segundo a IHS Markit, o mercado segue altamente dependente de lotes oriundos dos confinamentos, sobretudo do primeiro giro.

No entanto, ressalta a consultoria, poucos pecuaristas têm hoje disponibilidade de pronta entrega de animais, pois eles ainda estão em processo de terminação.

Na avaliação da Scot Consultoria, neste momento, “as atenções se voltam ao comportamento do câmbio e seu efeito sobre as exportações, assim como à chegada de gado confinado, que deve se manter lenta por mais um tempo”.



Porém, observa a IHS, os recentes movimentos de valorização do real frente ao dólar não inibiram o crescimento dos embarques de carne bovina.

Ou seja, a moeda menos competitiva não tirou a força do Brasil no comércio internacional de carne vermelha.

Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o volume exportado na primeira semana de junho alcançou 24,2 mil de toneladas, com uma média diária de 8,1 mil toneladas/dia, um avanço de 11,95% em relação à média de junho/20 e 34,2% superior à média diária do maio/21.

Na avaliação da IHS, questões estruturais do rebanho brasileiro (reflexo do abate de fêmeas, migração para agricultura, entre outros fatores), aliada ao grande avanço do apetite da China pela carne bovina brasileira (potencializado pela proliferação da peste suína africana em seu rebanho de porcos), criou um cenário de alta de preços da arroba bovina.

“Grande parte das indústrias frigoríficas opera hoje bem abaixo da capacidade estática e, mesmo assim, dispõe de escalas de abate apertadas, ao redor de 4 dias úteis”, destaca a IHS.

Dados do IBGE ilustram a situação de oferta restrita. O abate de bovinos no primeiro trimestre de 2021 indica queda de 10,6%, para 6,56 milhões de cabeças, em relação ao resultado computado no mesmo período de 2020 e retração de 10,9% na comparação com o quarto trimestre do último ano. Trata-se do menor patamar para o período trimestral desde 2009.

Segundo lembra o zootecnista Douglas Coelho, sócio da Radar Investimentos, geralmente, o primeiro trimestre é marcado como um período de descarte de animais que não emprenharam na última estação de monta.

“O que ocorreu foi o contrário”, ou seja, foi registrado um movimento de retenção forte e histórico, destaca Coelho. No período trimestral, o IBGE apontou um abate de fêmeas de 2,41 milhões de cabeças, o menor número entre os primeiros trimestres dos últimos 18 anos, destaca o sócio da Radar.  Ou seja, há um movimento de retenção de fêmeas também em 2021, assim como em 2020 .

Na avaliação de Coelho, a disponibilidade de animais terminados deve seguir relativamente enxuta durante os próximos meses, “porque o pecuarista está com a pá cheia e colocando mais carvão nessa fábrica de bezerros”, diz ele, referindo-se ao ótimo momento vivido pelas fazendas de cria.

Ainda da porteira para dentro, os pecuaristas continuam tentando barganhar melhores preços nos balcões de negociação de boiadas gordas, relata a IHS.

Ao mesmo tempo, alguns produtores recompõem o caixa por meio do descarte de fêmeas. Segundo a IHS, o confinamento em boiteis não se mostra viável economicamente, ao menos até o momento.

“Grandes players do mercado já anunciaram ampliação da capacidade instalada de propriedades especializadas na terminação de bovinos, visando atender à demanda de produtores de pequeno e médio portes”, informa a IHS.

Os frigoríficos que não exportam (abastecem exclusivamente o mercado nacional) buscam proteger as suas margens e, para isso, dão preferência pelas vacas gordas, compradas a preços mais baixos.

Porém, relata a IHS, a oferta de fêmeas é constituída apenas por descartes, que não atingem volume significativo, gerando um descompasso entre oferta e demanda.

A demanda doméstica pela carne bovina se mostrou mais ativa nos últimos dias, em função do recebimento da massa salarial. As varejistas conseguiram escoar boa parte dos seus estoques, informa a IHS.

Segundo a Scot Consultoria, no mercado atacadista, houve valorização dos cortes de traseiro, cujo escoamento é mais sensível à variação de renda.

Dados apurados pela IHS Markit mostram elevação de R$ 0,50/kg do traseiro nesta sexta-feira, 11 de junho, enquanto os preços dos demais cortes bovinos permaneceram estáveis.

“A demanda pela proteína bovina segue consistente e regular, confirmando as expectativas de distribuidoras e varejistas”, ressalta a IHS.

A continuidade da procura por parte dos consumidores forneceu espaço para reajustes de preços visando repasses de custos, acrescenta a consultoria. As significativas altas de preços das proteínas concorrentes (aves e suínos) favoreceu suporte adicional ao movimento atual no varejo, observa a IHS.

Giro pelas praças – O mercado do boi gordo no Rio Grande do Sul passa por uma situação bastante delicada, em função da dificuldade de aquisição de animais terminados. Há relatos de frigoríficos na região que estão pulando alguns dias de abate, informa IHS.

Ainda nesta sexta-feira, entre as demais praças pecuárias do País, foram registradas variações positivas da arroba no Mato Grosso, Rondônia e Rio de Janeiro.


Fonte: Portal DBO 

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