Boi gordo: Nova onda de alta na semana, com cotação acima de R$ 320/@.
Mesmo com a disparada nos preços, pecuaristas demonstram preocupação com os aumentos nos valores da nutrição e de animais para reposição
Boi gordo: Nova onda de alta na semana, com cotação acima de R$ 320/@.

Ao longo desta semana, o mercado físico do boi gordo registrou uma nova onda de alta no valor da arroba, embora, nesta sexta-feira, 9 de abril, o dia foi de estabilidade nas praças pecuárias espalhadas pelo Brasil. Em São Paulo, segundo apurou a IHS Markit, o preço da boiada gorda fechou a semana valendo R$ 321/@, a prazo, enquanto a vaca gorda está cotada em R$ 301/@ 

A oferta de animais terminados segue bastante enxuta, mesmo com a aproximação do período de seca, quando normalmente há uma desova de boiadas gordas.

Além da questão estrutural (liquidação de plantel de vacas no passado recente), a baixa disponibilidade de gado pronto é proposital – os pecuaristas tentam segurar ao máximo os seus bois nas fazendas, na tentativa de fechar bons negócios, e não amargurar prejuízos na relação de troca com animais de reposição e alimentos utilizados para a nutrição bovina, cujos preços dispararam acima das valorizações da arroba do animal terminado.

Segundo relatos da IHS, as poucas plantas frigoríficas que permaneceram ativas no mercado durante os últimos dias buscaram preencher as suas escalas de abate durante a semana, para suprir a leve reação do consumo doméstico, além do ritmo acelerado da demanda externa.

“Tal preenchimento de escalas só foi possível mediante pagamento de valores mais altos para os lotes de animais terminados”, ressalta a consultoria.

Foco na engorda intensiva – Atualmente, o foco de muitos frigoríficos está voltado para o confinamento do segundo semestre. Segundo a IHS, há relatos de boiteis de grandes indústrias frigoríficas que dobraram as suas capacidades de engorda intensiva.

Ainda de acordo com a IHS, muitos produtores, em especial os pequenos e médios, afirmam que não vão conseguir arcar com os custos atuais do confinamento. Tal impasse, diz a consultoria, obrigará boa parte dos pecuaristas a vender o seu rebanho ainda não terminado (boi magro, garrotes e novilhas) para grandes produtores ou boiteis, que, por sua vez, “tiram proveito da integração lavoura-pecuária e do poder de mercado para driblar os altos custos de nutrição”.

Esgotamento de sementes de sorgo – Com o avanço explosivo no preço do milho (principal insumo da ração), pecuaristas seguem atrás de produtos alternativos, como o sorgo. No entanto, as sementes de sorgo estão em processo de esgotamento em algumas regiões.

“No Mato Grosso, há escassez de sementes de sorgo, já que diversos boiteis de grandes indústrias frigorificas dobraram a sua capacidade”, revela a IHS Markit.

Varejo e atacado mais movimentado – Nesta semana, o setor de varejo/atacado da carne bovina registrou um breve momento de maior movimentação, estimulado pelo último feriado.

“Visando a reposição do estoque, a demanda das distribuidoras ao longo desta semana teve como foco os cortes provenientes do dianteiro bovino, refletindo o fraco poder aquisitivo da população”, avalia a IHS.

Porém, prevê a consultoria, há expectativa de um leve aumento na demanda interna pela proteína vermelha, em decorrência do recebimento da massa salarial e do depósito da primeira parcela do auxílio emergencial, além da maior flexibilização das restrições sociais devido ao avanço da campanha de vacinação contra a Covid-19.

Na avaliação da Scot Consultoria, no curto prazo, a tendência é de “um escoamento de carne bovina um pouco melhor pelo período do mês, mas modulado pela conjuntura econômica”.

Paralelamente, continua a Scot, a tendência é que aumente a oferta de gado, com a chegada da seca. Porém, diz a consultoria, pelo movimento de retenção de fêmeas, não é provável que este final de safra de boiadas alimentadas a pasto não seja dos mais ofertados.


Fonte: Portal DBO