Boi gordo recua de novo com a melhora nas escalas de abate
Cotações da arroba caem em São Paulo e em outras praças pecuárias pelo País, influenciadas por uma posição mais confortável dos frigoríficos
Boi gordo recua de novo com a melhora nas escalas de abate

Nesta quinta-feira, 22 de abril, os preços do boi gordo apresentaram novas quedas em importantes praças pecuárias, a começar pelos balcões de negócios de São Paulo, principal referência no mercado da pecuária de corte.

Segundo a Scot Consultoria, a melhora sutil nas ofertas de boiadas e nas escalas de abate das indústrias frigoríficas, resultou em redução de R$ 2/@ para o boi gordo e de R$ 1/@ para a vaca gorda, negociados nesta quinta-feira em R$ 314/@ e R$ 290/@ (valores brutos e a prazo), respectivamente.

A cotação da novilha gorda ficou estável na comparação diária, cotada em R$ 306/@, nas mesmas condições de pagamento. O boi de até quatro dentes, destinado à exportação, está valendo R$ 320/@, à vista, apurou a Scot (confira abaixo os preços atualizados de machos e fêmeas terminados nas principais regiões de pecuária do País).

Na avaliação da IHS Markit, com o avanço na oferta de boiadas, as indústrias passaram a cadenciar as suas aquisições de boiadas, aproveitando as escalas de abate aparentemente mais confortáveis.

Ao longo da semana, por conta do início do período de seca, as programações de abate apresentaram melhora de maneira geral, ressalta a IHS.

“Grande parte das plantas já programou os abates para mês todo de abril e até mesmo para a primeira semana de maio, o que explica a morosidade nos negócios e pressão baixista nos preços do boi gordo”, enfatiza consultoria.

Dentro da porteira, os pecuaristas enfrentam grandes dificuldades com a chegada do período seco. “Os pecuaristas já não conseguem mais segurar a boiada gorda no pasto”, observa a IHS. Os preços exorbitantes do milho também não permitem represamento no cocho de animais terminados, o que motiva o aumento de oferta em algumas regiões”, reforça a consultoria.

Os custos recordes de nutrição e o encarecimento nos preços dos animais de reposição limitam bastante a capacidade de produção dos pecuaristas de pequeno e médio porte.

Por isso, relata a IHS, as apostas do setor são na previsão de maior número de cabeças confinadas em boiteis próprios das indústrias frigoríficas, que estão se preparando para uma suposta reação do consumo doméstico de carne bovina, além da manutenção do bom ritmo das exportações.

Os embarques de proteína vermelha seguem crescentes, motivados sobretudo pelo avanço da demanda da China, o principal cliente do produto brasileiro. As importações chinesas de carne brasileira avançaram 15,7% no primeiro trimestre de 2021 frente ao resultado de mesmo período de 2020.


Os problemas sanitários na cadeia de proteína animal chinesa, associados ao comportamento cambial no Brasil e à firme demanda externa, colaboram para o crescimento das exportações de carne do País.

Giro pelas praças –  Entre as principais regiões de pecuária do Brasil, os gargalos logísticos no Pará, por conta do excesso de chuvas, têm prejudicado os negócios com boiada gorda nas praças do Estado, informa a IHS.

Outro destaque é a morosidade de negócios no Rio Grande do Sul, onde já há relatos de possíveis paralisações em 40% das plantas de abate do Estado, em função da restrição de oferta de animais terminados, relata a consultoria.

Estabilidade da carne no atacado – No mercado atacadista brasileiro, os preços dos principais cortes bovinos seguem estáveis, assim os valores do couro e do sebo. A procura por reposição entre atacado e varejo nesta semana segue oscilando bastante,  seguindo a sazonalidade da segunda quinzena do mês.

O consumidor final, em geral, tem optado por proteínas mais baratas, devido ao baixo poder de compra da população. A expectativa se volta para a próxima semana, quando diversos estabelecimentos de comercialização de alimentos reabrem parcialmente as portas ao público, depois de um maior afrouxamento nas medidas de isolamento social contra o avanço de Covid-19.


Fonte:Portal DBO