Criação de gado de corte: passo a passo para ter uma produção lucrativa!
Confira algumas dicas.
Criação de gado de corte: passo a passo para ter uma produção lucrativa!

Criar gado de corte com eficiência, ou seja, produzir mais carne de melhor qualidade em um menor espaço de tempo, é a prioridade para 10 entre 10 produtores de sucesso. 

Para entender melhor sobre o assunto, partimos da definição de que gado de corte são as raças bovinas cujas características genéticas são ideais para o abate para produção de carne e derivados. No Brasil, a criação de rebanho de corte é, sem dúvidas umas das principais atividades econômicas, sendo também responsável por uma parte considerável do nosso produto interno bruto – PIB. 



Nesse sentido, a produção de bovinos de corte é lucrativa já que é uma excelente opção de investimento, afinal, o rebanho brasileiro se desenvolveu muito, tornando-se o maior do mundo. Além disso, há uma uma demanda crescente por nossos produtos, tanto no mercado nacional, quanto no mercado internacional.

Se você está pensando se vale a pena investir em gado de corte,  precisa compreender alguns tópicos que vão desde a estrutura da fazenda, manejo das pastagens a criação e a administração da propriedade, que comumente é deixada de lado por alguns produtores.

É fato que todos querem ter sucesso com a criação de gado de corte, mas não é um caminho simples. Por isso, continue a leitura entenda tudo que é preciso para ter uma produção lucrativa! 

Como criar gado de corte? 

Em primeiro lugar, para criar gado de corte, é preciso ter atenção a diversos aspectos que vão desde a escolha da raça, até cuidados com alimentação e gestão da fazenda. Aqui, resumimos para você o passo a passo do que você precisa saber para investir na bovinocultura de corte. Confira! 

  1. Defina a raça que mais atenda às suas expectativas e que esteja adequada à região da propriedade; 
  2. Invista em melhoramento genético do rebanho
  3. Entenda sobre as fases de criação do bovino – cria, recria, engorda; 
  4. Cuidado com o manejo nutricional; 
  5. Cuide para que as instalações sejam adequadas; 
  6. Faça um planejamento da gestão administrativa;
  7. Torne a sua fazenda lucrativa! 

Ao longo deste artigo você verá mais sobre cada um desses itens. A seguir, veja mais sobre as principais raças de gado de corte! 

Principais raças de gado de corte

No Brasil, a maior parte dos bovinos de corte são zebuínos, chegando a 80% da produção. A grande aceitabilidade desse animal se deve ao fato de que ele se adapta muito bem a climas tropicais. De modo geral, são animais rústicos, com menor exigência nutricional e maior resistência a doenças. Entretanto, raças do tipo taurinas também são utilizadas por fornecerem carne de qualidade. 

Confira a seguir as principais raças de gado de corte criadas no país! 

Nelore

O gado nelore é a raça zebuína com maior produção em território nacional, afinal, são animais muito adaptados às condições climáticas do país. Também foi uma das raças que mais recebeu dinheiro para melhoramento genético para que se chegasse a um padrão de exigência nutricional eficiente. 

Tabapuã

Os animais da raça tabapuã são reconhecidos por sua boa habilidade materna e alta fertilidade, o que faz com que sejam desejáveis para biotécnicas reprodutivas. É a única raça de zebuínos desenvolvida no Brasil e sua criação tem sido cada vez mais comum no país. 

Brahman

Raça zebuína que possui uma excelente conversão alimentar, ou seja, quantidade de quilos de carne produzida por quilos de alimento consumido. Além disso, as fêmeas da raça brahman tem um curto intervalo de parto em relação às demais e têm boa produção de leite. Isso resulta em bezerros desmamados com boa taxa de engorda. 

Guzerá

O diferencial dessa raça é a dupla aptidão pois os animais são bons tanto para corte como leite. As fêmeas têm facilidade no parto pois os bezerros nascem menores . Outra característica é que os bovinos da raça são usadas como base genética para outros cruzamentos. 

Melhoramento genético na pecuária

Hoje, a indústria da reprodução animal movimenta cerca de 5 bilhões de dólares no mundo. Com todo o avanço tecnológico, é essencial a utilização de biotecnologias reprodutivas para o melhoramento genético, aumento do abate e níveis de produtividade do rebanho.

De um modo geral, podemos dizer que o melhoramento genético do gado de corte tem como objetivo aumentar a conversão alimentar, reduzir o tempo entre partos e produzir bezerros mais resistentes às condições locais. Ou seja, para quem quer criar gado de corte com excelência é um requisito obrigatório. 

Veja as principais biotécnicas de reprodução disponíveis aos criadores de bovinos e que vem proporcionado avanços significativos no melhoramento do rebanho: 

  • Inseminação Artificial;
  • Inseminação Artificial em Tempo Fixo;
  • Transferência de embriões para produção IN VIVO
  • Produção IN VITRO de Embriões.

No entanto, para colocá-las em prática é preciso ter conhecimento da anatomia animal e tecnologias que auxiliam na aplicação, assim como a ultrassonografia. 

Manejo nas fases da criação de gado de corte

Para entendermos como se dá o ciclo de produção de bovinos, precisamos conhecer todas as suas etapas.

Basicamente, as fases da criação de gado de corte compreendem:

1- Cria 

2- Recria 

3 – Engorda

Desse modo, o lucro na criação depende de que cada uma dessas fases seja executada com as estratégias de manejo corretas. A seguir, confira mais informações sobre cada uma delas. 

1- Cria 

Esta fase vai desde o melhoramento genético, crescimento do bezerro até a desmama, que acontece entre 6 a 8 meses de idade.

Primeiramente, para garantir o sucesso no processo de reprodução animal o criador deve possuir os melhores touros, vacas e novilhas. Isto é, todos em ótimas condições e na melhor idade para a reprodução. Assim, investir em programas de melhoramento genético para obter bezerros com características desejáveis. 

Depois do nascimento, é preciso fazer o manejo correto dos bezerros. Existem dois cuidados importantíssimos durante este estágio: a mamada do colostro e a cura do umbigo. Estas duas práticas juntas chegam a ser responsáveis por até 70% da prevenção de doenças.

Os bezerros são frágeis e devem ter cuidados especiais para ficarem livres de enfermidades. Como por exemplo, a diarreia, uma das principais causadoras de perdas de animais. 

De modo geral, o maior objetivo desta fase é fazer com que os bezerros vivam com saúde e ainda cheguem ao desmame com o maior peso possível. Entretanto, o ganho de peso pré-desmama é influenciado por alguns fatores, tais como:

  • Nutrientes fornecidos
  • Habilidade materna da vaca
  • Potencial genético do bezerro

Estratégias consistentes e pequenos detalhes, podem fazer a diferença entre a produção de bezerros desmamados com altas taxas de lucratividade e ter uma atividade que proporciona prejuízos.

Neste contexto, é essencial a avaliação de cada animal separadamente e verificação do índice de fertilidade, para garantir o retorno do investimento. 

2. Recria – Desenvolvimento

O principal objetivo desta fase é o desenvolvimento do animal para que ele possa expressar ao máximo o seu potencial genético. Isto é, se desenvolver com a estrutura e ganho de peso da raça, no menor tempo possível.

A fase da recria começa após o desmame dos bezerros. Em geral, é uma fase muito importante, pois caso o desenvolvimento não seja bem executado o processo de engorda ficará prejudicado. Ou seja, o bom desenvolvimento dos animais depende dos cuidados e da alimentação fornecida durante esta fase.

Se houver algum erro de manejo na fase do desenvolvimento, o processo de engorda poderá ficar comprometido.  Afinal, o principal objetivo da recria é garantir ganhos elevados bem como antecipar a próxima fase. Para que isso aconteça, pode-se investir na suplementação para a produção de uma arroba mais eficiente e econômica. Mas, é fundamental o controle da suplementação, garantindo consumo na dosagem correta e utilização do componente adequado, de acordo com a recomendação do técnico responsável.

Por fim, uma recria eficiente de animais, sobretudo a pasto, demanda também ter controle dos índices zootécnicos, manejo e adubação das pastagens para obtenção de altas performances.

3. Engorda – Terminação 

A engorda, ou terminação como é conhecida, é a fase final da criação de gado de corte. Nesta etapa os bovinos são submetidos à uma alimentação específica para ganho de peso, para que produzam mais carne e de melhor qualidade.

Durante a terminação, deverá ser fornecida uma ração ou regime alimentar apropriado ao ganho de peso e para que a qualidade da carne seja a melhor possível, agregando todo o valor do trabalho desenvolvido nas duas fases anteriores.

Os rebanhos de engorda podem ser constituídos de animais adultos, novilhos de mais de dois anos, bezerros desmamados e garrotes. Mas, no ponto de vista biológico os animais na fase de engorda não possuem o crescimento tão eficiente como na cria e recria. Porque, na medida em que o animal se aproxima ao seu peso maduro, a intensidade de seu crescimento diminui.

Na engorda dos bezerros, a exigência alimentar é alta, pois eles têm de manter seu organismo, crescer e engordar. Por isso, o uso da suplementação alimentar, nesta fase, também pode viabilizar o abate de animais mais jovens, com carcaças de melhor qualidade, maior ganho de peso e deposição de gordura subcutânea.

Em qualquer fase da criação de bezerros, as exigências nutricionais dos animais devem ser respeitadas, para que sejam alcançados os resultados esperados. Por exemplo, você sabe qual o tipo de alimentação ideal para o gado de corte? Confira no próximo tópico!

Manejo nutricional como um excelente aliado

Não há dúvidas que de que a alimentação é fundamental para todas as fases da criação de gado de corte. No entanto, vai além de fornecer comida na quantidade certa, é preciso pensar nos nutrientes que são essenciais para o desenvolvimento do animal, priorizando o gasto energético e ganho de peso. 

A nutrição de bovinos de corte é um dos principais custos com a produção. É por esse motivo que é preciso ter conhecimento sobre o que é realmente necessário e evitar prejuízos. 

Dito isso, os bovinos de corte precisam receber dois tipos de alimentos, basicamente: 

Volumosos

Os alimentos chamados de volumosos são aqueles com elevado teor de fibra, como as forragens (feno, capineira e silagem na forma de pastagens), palhadas (resto de culturas após a colheita de grãos) e cana-de-açúcar. São essenciais para o bom funcionamento do trato gastrointestinal e fornecem nutrientes importantes. 

Concentrados

Já os alimentos concentrados são aqueles que têm baixo teor de fibra e podem ser energéticos, ou protéicos. Os alimentos energéticos possuem um baixo teor proteico e com alto valor energético. Como por exemplo, o farelo de trigo, grão de milho, raiz de mandioca e farelo de arroz. Já os concentrados proteicos, além da energia, dispõem de alta concentração de proteína. Assim como, o farelo de algodão, de soja ou de amendoim.

A combinação dos dois tipos é o que faz com que o animal tenha acesso a quantidade de energia e nutrientes necessários para o ganho de peso. 

Suplementação

Além de volumosos e concentrados, pode-se optar também pela suplementação, como os compostos minerais e vitamínicos. No entanto, para que as rações produzam maior ganho de peso é necessário balancear a quantidade de cada um dos alimentos. Dessa maneira, a mistura final será capaz de atender às exigências do organismo da categoria animal que se vai alimentar.

É importante destacar que na dieta dos bovinos deve sempre conter alimentos que estimulem a ruminação. Pois, os ruminantes precisam receber, obrigatoriamente, uma certa quantidade de fibras para que o rúmen possa ter um bom funcionamento.

Se você se interessa por manejo nutricional, acesse nosso Guia prático e gratuito para lucrar ainda mais com a criação de gado de corte!

Manejo de pastagem para o gado de corte

Do mesmo modo, o manejo das pastagens também é um dos fatores cruciais para quem quer criar gado de corte com eficiência. No entanto, exige cuidados para que erros comuns não sejam cometidos, como a quantidade inadequada de animais por área, tipo de forrageira, exploração intensa ou falta de suplementação adequada.

As pastagens representam a forma mais prática e econômica para alimentar os bovinos. Isto é, ela é a base de sustentação da bovinocultura de corte aqui no Brasil. Por isso, é necessário criar medidas rentáveis e competitivas para utilizar o solo para a criação de gado, frente outras possibilidades. Para isso, pode-se intensificar a atividade e adotar técnicas como a suplementação de volumosa no período seco e a rotação de pastos adubados.

A rotação de pastagens nada mais é a alternância de pasto, na qual o animal fica “rodando” entre os piquetes construídos, para o capim crescer novamente. Ela pode ser utilizada seguindo a altura de entrada e saída dos piquetes de acordo com a espécie de capim. Outra característica desse sistema é a adubação e a manutenção, para se obter a máxima produtividade.

Vale destacar que isso é uma tecnologia de manejo fundamental que proporciona, intensificação da produtividade, aumento da capacidade de suporte, melhor aproveitamento da área total disponível e evita a degradação das pastagens ao longo dos anos

Instalações para bovinos

As instalações devem ser outra prioridade na criação do gado de corte, independente do tipo de sistema de criação que será adotado. Em resumo, se forem disponibilizadas da forma correta, elas podem facilitar muito o manejo do gado e a qualidade da vida do animal.

melhor curral para o gado deve ser caracterizado por características como:

  • Simplicidade
  • Durabilidade
  • Funcionalidade
  • Resistência
  • Segurança para o trabalhador e para os animais

Em princípio, é importante ficar atento com pontas de pregos, madeiras e parafusos que possam causar feridas, hematomas e cortes no couro dos animais.

O melhor tipo de instalação vai depender do sistema de produção adotado. Mas, de modo geral, os itens essenciais são:

  • Cercas
  • Curral
  • Reservatório de água
  • Bebedouro e cochos para minerais

Como criar um bom curral para o gado?

Nesse sentido, um bom curral para gado de corte deve permitir a realização, com eficiência, conforto e segurança de todas as práticas necessárias de manejo com o gado. Como por exemplo, vacinação, marcação e identificação, descorna, inseminação, pesagem, exame andrológico e ginecológico.

Para a construção do curral, além da limpeza periódica das instalações é importante seguir as recomendações:

  • Pontos de água (torneira e bebedouro)
  • Troncos de contenção
  • Recipiente adequado para coleta do lixo
  • Embarcadouro com rampa de inclinação
  • Paredes internas lisas e livres de saliências (pregos, parafusos ou ferragens)
  • Terreno elevado firme e seco, em um local estratégico para facilitar o manejo dos animais

Outra orientação é a construção do creep-feeding, que nada mais é do que cercar uma pequena área dentro do pasto. Nele, só os bezerros têm acesso e são colocados cochos com ração concentradas. Essa é uma forma de manejo prático para suplementar a alimentação do bezerro na fase de aleitamento.

Planejamento da pecuária de corte

Um fator indispensável para todo investimento de sucesso é o planejamento da produção. Assim, todas as estratégias devem visar à qualidade, produtividade da criação, custo de produção e eficiência econômica.

Alguns detalhes devem ser avaliados constantemente por meio da utilização de diversas tecnologias e do acompanhamento constante da produção, visando obter os melhores resultados.

Atuar com visão empreendedora pode parecer difícil, mas com algumas ferramentas isso se torna prático e de fácil realização. Para resultados excelentes, você precisa aprender a administrar com foco na gestão técnica e econômica de uma produção de gado de corte.

Como transformar a fazenda em uma empresa lucrativa?

Muitos produtores almejam que sua fazenda seja lucrativa, mas não a tratam como uma empresa e não tem um planejamento concreto das próximas ações. Como em qualquer atividade econômica, a gestão e a administração engloba, principalmente, quatro ações:

  • Planejamento
  • Organização
  • Direção
  • Controle

Tudo isso aliado a um manejo reprodutivo eficiente, contando com decisão da biotecnologia utilizada para o melhoramento genético, se monta natural, inseminação artificial ou a IATF (inseminação em tempo fixo). Tal decisão deve sempre ser baseada em uma criteriosa análise do que é mais vantajoso.

Outro ponto que pode ajudar a tornar a fazenda ainda mais lucrativa é ter um diferencial. Atualmente, não são poucas as pessoas que reduzem o número de vezes que consomem carne bovina, para poder consumir um produto de qualidade superior. De certo, a busca por cortes nobres com qualidade garantida é uma tendência fortíssima.

Os produtos “premium” têm ganhado espaço com os consumidores. Porém, ainda faltam profissionais capacitados para atender a demanda desse mercado de carnes certificadas.

Pense nisso, uma peça de carne pendurada em um gancho de açougue de baixo valor, pode ser transformada e valorizada simplesmente pelo seu corte pronto para o consumo, embalagem atrativa e higiênica. Além, da adição da marca reconhecida como garantia de segurança e qualidade do produto.

Investimento em conhecimento

Certamente, outra característica de toda criação de gado de corte bem sucedida é o investimento em conhecimento. Tanto para os funcionários, que lidam diretamente com o gado quanto para quem administra a propriedade. Pois, não há como ter uma criação competitiva, equipe engajada e sucesso na atividade sem ter o conhecimento prático sobre o assunto.

Se você gostou desse assunto, temos uma boa notícia para você! Confira essa dica de treinamento prático exclusivo: 


Fontes: Manejo intensivo gado de corte Embrapa e Cartilha 500 perguntas gado de corte Embrapa.

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