Frigoríficos têm dificuldade na escala e a saga do boi continua
Arroba no mercado físico aponta para firmeza dos preços, ainda com espaço para possíveis ajustes positivos ao longo da próxima semana
Frigoríficos têm dificuldade na escala e a saga do boi continua

Ao longo desta semana, o mercado físico do boi gordo registrou forte valorização nas principais praças pecuárias. Entre sexta-feira anterior (28/8) e hoje (4/9), o valor do animal terminado em São Paulo saltou de R$ 237/@ para R$ 242/@ (preços máximos, a prazo), segundo dados da IHS Markit. Neste mesmo intervalo de comparação, a cotação em Dourados-MS saiu do patamar de R$ 227/@ para R$ 240/@, à vista. Em Cuiabá, foi de R$ 209/@ para R$ 217/@, à vista. Na praça do Marabá-PA, pulou de R$ 232/@ para R$ 236/@, a prazo.

A enorme escassez de gado terminado, cenário observado em todo o Brasil, segue como principal fator de sustentação para as altas da arroba, avalia a IHS Markit. A falta de animais, por sua vez, é resultado do encarecimento da atividade de bovinocultura em função dos altos preços praticados na reposição e do aumento dos custos com a ração, movimentos que tem limitado a recomposição de animais por parte dos pecuaristas, acrescenta a consultoria.

Na maior parte do Brasil, a quantidade de animais prontos para abater não é suficiente para atender plenamente à necessidade de produção dos frigoríficos. Dessa maneira, o descompasso entre oferta e demanda tem emplacado intensa pressão altista na arroba da boiada gorda. “As indústrias brasileiras enfrentam dificuldades para preencher as escalas de abate e oferecem valores maiores pela boiada, na tentativa de efetivar novos negócios e conseguir atender à forte demanda pela carne, tanto no mercado nacional como no ambiente externo”, ressaltam os analistas da IHS Markit.

Nos principais atacados brasileiros, a procura por proteínas melhorou ao longo da semana, impulsionada pela entrada de salários de parte da população e, consequentemente, o maior poder aquisitivo. “Os consumidores atuaram mais ativos ao longo desta semana, aumentando o escoamento dos cortes das câmaras frigoríficas de plantas que atendem ao mercado doméstico”, avalia a IHS.

No front internacional, as exportações de carne também se mantiveram em ritmo acelerado, pautadas principalmente pela atuação da China, principal parceiro comercial do Brasil e que ainda se recupera dos impactos causados  pela peste suína africana em sua produção doméstica de porcos. Em resultado preliminar divulgado pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex), os embarques de carne bovina “in natura” atingiram níveis elevados em agosto. Ao longo dos 21 dias úteis do mês, o volume médio diário de 7,77 mil toneladas resultou numa receita média de US$ 31,15 milhões/dia. O total embarcado de 163,22 mil toneladas representou uma queda de 3,9% com relação aos embarques de julho deste ano. Apesar da leve retração, na comparação anual houve crescimento de 26,57%, atingindo o maior valor para o mês desde 2006. Em termos de receita, as exportações subiram 21,5% frente a agosto/2019 e a queda de 5,3% relação ao mês anterior.

Apagão de oferta continua, viés de alta também

De modo geral, o ambiente de negócios no mercado físico aponta para firmeza de preços e possíveis ajustes positivos na precificação da arroba ao longo da próxima semana. Em algumas regiões do País, novos lotes de gado confinado devem ser colocados à venda penas ao final do mês e, mesmo com o avanço da oferta, não deve abrir espaço para grandes ajustes negativos, de acordo com previsões da IHS Markit.

“As expectativas para a primeira quinzena de setembro são de ritmo aquecido do escoamento de carne para os atacados, mantendo regular a necessidade de abate de gado”, prevê a consultoria. Além disso, a receita dos frigoríficos, principalmente plantas habilitadas para exportação, também tem equilibrado a margem das indústrias, que, assim,  conseguem pagar valores mais elevados pela arroba, justifica a IHS.

Giro pelas praças

Nas praças pecuárias de GO e de MG, a baixa disponibilidade de gado terminado promoveu novas valorizações na arroba bovina nesta sexta-feira, de acordo com levantamento da IHS Markit.

No MS, frigoríficos exportadores atuaram de forma mais ativa e firme no mercado e as cotações também registraram ajustes positivos.

Em SP, o preço da vaca subiu, diante da melhora das vendas de carne nos atacados paulistas e a maior procura por fêmeas, que tradicionalmente atendem ao mercado doméstico.

No MT, os negócios efetuados foram feitos a valores mais elevados, encerrando uma semana marcada por forte valorização da arroba no Estado.

Ao norte do País, em meio a escassez de oferta de gado, as cotações da boiada gorda subiram no PA e em RO.

Fonte: Portal DBO