Mercado do boi gordo fecha a semana de olho na demanda pela carne bovina.
Durante a primeira semana de maio, os preços da arroba registraram estabilidade em alguns dias; nesta sexta-feira, 7, a cotação teve um recuo de R$ 1/@ nas praças de SP, aponta a Scot Consultoria
Mercado do boi gordo fecha a semana de olho na demanda pela carne bovina.

O mercado brasileiro do boi gordo fecha a primeira semana de maio atento ao comportamento da demanda interna pela carne bovina do final de semana, marcado pelas comemorações do Dia das Mães, tradicionalmente um período de maior consumo de proteína vermelha.

Durante a semana, as cotações da arroba registraram estabilidade em alguns dias e leves recuos em outros – nada parecido com o movimento recente de oscilações fortes, quando o mercado do boi gordo passou por um período de alta constante de preços.

Nesta sexta-feira, 7 de maio, a cotação do boi gordo caiu R$ 1/@ nas praças de São Paulo, na comparação diária, enquanto o valor da vaca gorda sofreu baixa de R$ 2/@, segundo dados apurados pela Scot Consultoria.

Com isso, o boi gordo ficou cotado em R$ 307/@ e a vaca gorda em R$ 286/@, preços brutos e a prazo, informa a Scot.

Ainda nas praça paulistas, o preço da novilha gorda ficou estável na comparação diária, negociada em R$ 302/@, nas mesmas condições de pagamento.

Para bovinos abatidos jovens, padrão exportação, o ágio chega a R$ 7/@ (também preço bruto e à vista), aponta a Scot.

Essa expectativa de avanço na procura pela carne no curtíssimo prazo (durante este fim de semana) é reforçada pelo aumento do poder de compra dos brasileiros neste período inicial do mês, quando entra o dinheiro dos salários na conta dos trabalhadores.

A flexibilização do isolamento social contra a propagação da Covid-19 também pode alavancar o consumo da carne vermelha neste início do mês, acrescenta a IHS Markit.

No entanto, observa a mesma consultoria, ao longo dos últimos dias, a demanda pela carne bovina frustrou as perspectivas do mercado.

“A população segue com a preferência por proteínas substitutas, como a carne de frango (mais barata)”, relata

A intensificação do período de seca gera maior oferta no mercado neste final de safra de boiadas, o que resultou em melhoria nas escalas de abate das indústrias, relata a IHS Markit.

“Com prazos mais confortáveis, as plantas tentam barganhar valores menores”, acrescenta a consultoria.

Na avaliação da Scot Consultoria, o cenário não é de quedas fortes no mercado do boi, mas, com o patamar do escoamento doméstico afetado pela situação econômica, qualquer aumento de oferta gera testes e ajustes de preços.

Porém, apesar do crescimento na oferta, a quantidade de animais disponíveis para venda ainda está muito abaixo da média histórica para o período, informa a IHS.

O confinamento seria uma das soluções para amenizar o problema de baixa oferta de boiadas no segundo semestre.

No entanto, observa a IHS, a conta do confinamento ainda não fecha para grande parte dos pecuaristas, devido aos altos custos de nutrição e de reposição.

“Grandes confinadores e propriedades com integração lavoura-pecuária concentram quase a totalidade dos animais engordados nos cochos, pois trabalham com custos menores de nutrição”, relata a IHS.

Embarques crescem – As vendas externas de carne bovina brasileira seguem bastante aquecidas, principalmente em relação às exportações para países asiáticos, que continuam sofrendo com surtos de peste suína africana (PSA), informa a IHS.

“Casos de peste suína africana seguem reportados na Ásia, incluindo a China, o que pode atrapalhar a recuperação da produção de suínos no país, colaborando com as vendas brasileiras”, reforça a Scot.

Países africanos e europeus também relatam problemas sanitários, envolvendo sobretudo o setor avícola, com destaque para a Polônia, que registrou diversos casos de gripe aviária e, para tentar conter o avanço da doença, abateu 6 milhões de aves. “Trata-se da maior crise já enfrentada pela indústria avícola desse país”, relata a IHS.

No mês passado, as exportações brasileiras de carne bovina in natura somaram 125,47 mil toneladas, com recuo de 6,24% sobre o resultado de março, mas quase 8% acima do volume computado em abril de 2020, de acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).

O desempenho dos embarques do mês passado foi recorde para um mês de abril. 



De olho no dólar – Na última semana, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou mais uma vez a taxa básica de juros, o que atrai capital estrangeiro e impacta o dólar, que trabalha atualmente abaixo de R$ 5,30.

“Esse ponto é algo a ser acompanhado, pois quedas mais relevantes têm potencial para afetar os embarques brasileiros”, alerta a Scot Consultoria.

Movimentação diária – Nesta sexta-feira, o mercado físico do boi gordo apresentou variações pontuais entre as diversas praças pecuárias do País.

As confortáveis escalas de abate permitem que muitas plantas frigoríficas fiquem fora das compras, relatam as consultorias.

As poucas unidades que permanecem no mercado barganham valores menores para a arroba, porém sem sucesso, acrescenta a consultoria.

O mercado segue aguardando maior consumo doméstico, que possibilitaria maior fluxo de escoamento entre os elos da cadeia, observa a IHS.

As exportações continuam sustentando as margens do setor industrial, que opera com níveis mínimos de uso de capacidade instalada.

Giro pelas praças – Nesta sexta-feira, entre as principais praças pecuárias do Brasil, foram registradas variações positivas da arroba do boi gordo em Tocantins, onde as plantas frigoríficas tentaram negociar animais por preços menores, aproveitando a seca que atinge a região, informa a IHS Markit.

Os Estados da região Nordeste, especialmente a Bahia, enfrentam ofertas de animais inferior ao esperado, causando volatilidade nos preços da arroba.

A região do Pará destoa um pouco do restante do País, apresentando maior firmeza nos preços do boi gordo, relata a IHS. O Estado ainda apresenta bons volumes de precipitação, contendo a oferta de animais terminados, acrescenta a consultoria.


Fonte: Portal DBO