Boi gordo para de subir, mas mercado não sinaliza queda nos preços da arroba.
Ligeira melhora na oferta de boiadas eleva escala dos frigoríficos; setor segue prejudicado pela baixa demanda doméstica e pelo avanço da pandemia de Covid-19 no Brasil
Boi gordo para de subir, mas mercado não sinaliza queda nos preços da arroba.

O mercado pecuário brasileiro registrou um leve aumento na oferta de boiadas gordas ao longo desta semana, movimento suficiente para interromper a trajetória de alta da arroba registrada nos últimos tempos.

No entanto, até agora, a pressão de baixa de preços imposta pelos frigoríficos não surtiu efeito, e os valores de compras de animais terminados continuam firmes na maioria das praças pecuárias do País, estacionados em patamares recordes.

Em algumas praças do Mato Grosso, o boi até subiu de preço nesta quinta-feira, 15 de abril, mas sem a força registrada na semana anterior.

Segundo dados da Scot Consultoria, a melhora sutil nas ofertas de boiadas durante a semana permitiram um alongamento nas programações de abate das indústrias, que agora atendem, em média, seis dias.

“Os compradores estão testando preços abaixo da referência, mas sem sucesso nas compras”, ressalta a Scot.

Com isso, o boi gordo segue estável, cotado a R$ 317/@ em São Paulo (preço bruto e a prazo). A vaca vale R$ 291/@ e a novilha gorda, R$ 306/@, nas mesmas condições de pagamento.

Bovinos que atendem ao mercado externo estão sendo negociados em até R$ 325/@, de acordo com dados da Scot (confira abaixo os preços atuais de machos e fêmeas terminados nas principais regiões do País).

Segundo a IHS Markit, o período de seca começa a se consolidar no País, o que ajuda a explicar o surgimento de mais lotes de gado terminado no mercado.

Nesta fase inicial de entressafra também há menos compradores nos balcões de negócios, devido aos problemas operacionais enfrentados pelos frigoríficos, sobretudo pelas unidades que atuam unicamente no mercado interno.

Muitas plantas de abate fecharam temporariamente as portas depois da explosão nos preços da matéria-prima (boi gordo), movimento que coincidiu com a piora da crise de Covid-19 no País, que derrubou ainda mais o consumo doméstico de carne bovina, duramente prejudicado pela queda do poder aquisitivo da população e pelas medidas de isolamento social contra o avanço do vírus mortal.



Além da piora da qualidade das pastagens, os elevados custos de nutrição, sobretudo com a disparada do preço do milho, também forçam os pecuaristas a vender mais rapidamente os lotes de gado gordo que eram, até então, mantidos estrategicamente nas fazendas.

Porém, embora o cenário volte a se mostrar favorável no curtíssimo prazo para o abate de animais, o setor ainda sofre com a fragilidade do mercado interno de carne bovina, enfatiza a IHS.

“A situação é tão severa que mesmo os frigoríficos exportadores, por conta da baixa utilização do capital imobilizado, não conseguem alcançar margens positivas”, observa a consultoria. Nesse ambiente altamente sensível, continua a IHS, “não há expectativa de melhora sem uma reação do consumo doméstico”.

Na avaliação dos analistas, a demanda doméstica só deve começar a reagir a partir do segundo semestre, acompanhando os avanços nas campanhas de vacinação contra a Covid  “Atualmente, as medidas de combate à pandemia seguem impactando negativamente a cadeia pecuária de uma forma inédita e grave”, destaca a IHS.

Estabilidade nos cortes bovinos – No mercado atacadista, os preços dos principais cortes bovinos permaneceram estáveis nesta quinta-feira, assim como o sebo industrial e o couro. Segundo avaliação da IHS, devido ao baixo poder aquisitivo da população, há uma preferência dos consumidores pelo frango e carne suína, entre outros proteínas mais baratas.


Fonte: Portal DBO
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