Consorciar capim com amendoim forrageiro pode dobrar ganho de peso na seca
Pesquisador da Embrapa Acre destacou que área consorciada produziu 11 arrobas a mais em um ano na comparação ao piquete com Humidicola solteira
Consorciar capim com amendoim forrageiro pode dobrar ganho de peso na seca

Episódio da série especial Embrapa em Ação que foi ao ar nesta quinta, dia 07, mostrou na prática os benefícios que o consórcio de capim com o amendoim forrageiro traz para dentro das porteiras das fazendas de pecuária do Acre. O sistema, conforme resumiu pesquisador da Embrapa Acre, pode dobrar o ganho de peso do gado na época seca e incrementar a produção em 11 arrobas por hectare ao ano.

Uma das áreas em que os efeitos desta integração estão sendo testados é na propriedade do pecuarista Luiz Augusto Ribeiro do Valle, que chegou ao Acre no início dos anos 80 e migrou do cultivo da seringueira para a bovinocultura de corte.

Conforme destacou o produtor, o sistema viabilizou a criação de animais meio-sangue na Região Norte. “Nós fazemos matriz Nelore e em cima dessa matriz Nelore nós fazemos o Angus para obter o produto meio-sangue. E o meio-sangue aqui vai muito bem por conta dessa peculiaridade que você observou, a gente introduziu lá atrás, inicialmente, puerária como consórcio de gramínea e leguminosa e depois, sempre junto com a Embrapa, em parceria, […] a gente começou a introduzir o amendoim forrageiro”, confirmou Luiz.

Na propriedade de Luiz, o consórcio do capim é feito com a cultivar BRS Mandobi, desenvolvida pela Embrapa com foco na facilidade de propagação, por semente – ao passo que outras variedades de amendoim forrageiro só podem ser plantadas por muda.

RESULTADOS

“Nós passamos por um período de estabelecimento de uns dois anos com 7% da área com amendoim forrageiro. […] Nesse primeiro trabalho que foi feito, de avaliação e desempenho, a gente já conseguiu o diferencial de 10% de aumento no ganho de peso. […] Com três anos, a gente já estava aqui com 11% a 12% de amendoim forrageiro na área. Esse desempenho estava subindo, chegando em 15%. A gente estava no caminho certo. Mas a gente chegou num momento até 2015 que essa composição estabilizou e de certa forma estagnou. E a gente percebeu […] que os animais estavam superpastejando as linhas de plantio e o amendoim forrageiro não estava conseguindo se estabelecer passados aqueles 10%. Nós mudamos o manejo, foi o momento que nós colocamos o pastejo rotacionado. Nós começamos a dar descanso para as áreas. Com esse descanso, de um ano para outro, já subiu para 17%. Em 2016 foi a 23% e, de lá para cá, está estabilizado em 25% de amendoim na área. […] Em termos de produção média geral, nós conseguimos 11@ a mais por ano no pasto consorciado em relação a um pasto de Humidicola pura, sem amendoim”, apresentou o pós-doutor em agronomia Maykel Sales, pesquisador da Embrapa Acre.

Sales listou a série de benefícios que o consórcio traz para a propriedade, que ajudam a explicar o resultado final de 11 arrobas a mais produzidas no ano, exaltando também a redução do custo com fertilização da área. “A gente sabe que esse amendoim forrageiro nessa área está fixando algo em torno de 120 a 150 kg de nitrogênio por hectare. São mais ou menos seis a sete sacos de ureia por hectare/ano que ele está jogando naturalmente nessa fazenda. É mais um cálculo: quanto custam sete sacos de ureia por ano? Esse é o retorno que oamendoim forrageiro te dá. […] Em termos de desempenho, houve 47% de aumento no ganho em média. Durante a época da chuva, 30%, durante a época da seca, quase 100% de aumento do ganho de peso. Quase que dobra o desempenho dos animais na época da seca quando eles estão nesse ambiente. É um ambiente que traz uma oferta de forragem de melhor qualidade e aumenta a oferta também por causa da adubação nitrogenada. Nesse ambiente nós conseguimos aumentar a taxa de lotação em 20% em relação ao pasto que não tem amendoim. Nós conseguimos aumentar a produção porque esses animais, nesse ambiente, consomem mais alimento, mais pasto, mas o pasto produz mais, então a gente não teve redução de lotação, e sim aumento. Esse é uma compensação natural”, analisou o pesquisador.

DICA DO PRODUTOR

O pecuarista Luiz Augusto Ribeiro do Valle aconselhou os produtores que querem buscar soluções similares para os seus sistemas produtivos. “A pesquisa é uma parceira do produtor e ele deve ir atrás. Não fique esperando ela vir até você, não! Vá atrás que você vai obter conhecimentos muito bons para você aplicar na sua propriedade”, declarou.

Fonte: Giro do Boi


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